AUTORE(A)S
- Fernanda Escobar de Ávila (Graduanda em Psicologia)
- Yanco Ortiz Finoqueto (Mestrando em Psicologia)
- Silvio José Lemos Vasconcellos (Doutor em Psicologia)
RESUMO
O comprometimento das habilidades de reconhecimento de expressões faciais em decorrência de psicopatologias está documentada em vários transtornos neuropsiquiátricos, tanto em nível clínico, quanto em manifestações subclínicas de transtornos. No entanto, ainda permanecem dúvidas quanto a especificidade desses déficits, uma vez que o desempenho depende de contribuições comparáveis entre os domínios clínicos, bem como dos componentes do reconhecimento de expressões faciais. O objetivo do presente estudo foi elucidar os padrões de prejuízo do REF em pacientes com diagnóstico de transtorno por uso de álcool e substâncias, a magnitude e os moderadores potenciais através de uma revisão narrativa da literatura dos últimos 10 anos. Para a realização desta pesquisa utilizou-se as bases de dados Pepsic (Periódicos Eletrônicos de Psicologia), Scielo (Scientific Electronic Library) e PubMed (Medline Database). O processamento das emoções faciais é decisivo para vinculação estreita, habilidades psicossociais, processos cognitivos sociais, desenvolvimento de relacionamentos bem-sucedidos e funcionamento psicológico. A busca na literatura obteve generalização quanto à amostra de desempenho do REF para o uso de substâncias, em decorrência da variedade de condições demográficas e clínicas e pela diversidade de tarefas empregadas, demonstrando prejuízo significativo quanto às conexões estreitas entre: reconhecimento de tristeza e raiva vs. depressão, apatia, hostilidade e agressividade. Além das conexões no reconhecimento emocional, obtiveram-se resultados quanto ao reconhecimento do risco vs. as alterações do processamento do medo; desconforto e ansiedade vs. reconhecimento da modificação em desgosto. As consequências clínicas desse processamento, portanto, incluem possíveis atribuições errôneas de emoções de outras pessoas e dificuldades relacionais, consequentemente levando a um maior risco de recaída. Assim, as alterações na percepção socioemocional em pacientes com diagnóstico de transtorno por uso de álcool e substâncias encaixam-se no papel da regulação emocional no vício e na teoria dos marcadores somáticos (modelo biopsicossocial). Sugerem-se maiores investigações para a documentação de possíveis especificidades nos padrões de déficit do REF comparando o uso de álcool e o uso de substâncias, não somente por estudos transversais, mas longitudinais.