AUTORE(A)S
- Francisco Gleidson de Azevedo Gonçalves (Doutorando em Enfermagem. Enfermeiro. Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro)
- Silvia Teresa Carvalho de Araújo (Doutora em Enfermagem. Enfermeira. Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro)
- Albert Lengruber de Azevedo (Doutor em Enfermagem. Enfermeiro. Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro)
RESUMO
Objetivo
identificar os fatores proxêmicos que determinam a comunicação dos profissionais de enfermagem durante o ato transfusional e analisar a influência dos comportamentos na interação e cuidado da equipe de enfermagem na hemoterapia.
Método
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido em um Hemocentro, localizado na região Sudeste do Brasil. Os participantes foram 25 profissionais da equipe de enfermagem. Para a coleta dos dados, optou-se pela triangulação de fontes: observação, entrevista e o diário de campo. Foi realizado a análise de conteúdo, resultando em uma categoria, intitulada: distâncias e proximidades traduzidas por sentidos corporais na hemoterapia.
Resultados e Discussão
Dentre os fatores proxêmicos identificados, destacam-se as distâncias mantidas e estabelecidas entre os corpos da equipe de enfermagem na hemoterapia e cliente na interação. Destas, foram valorizadas as manifestações emergentes das regiões dos ombros, pescoço e cabeça do profissional durante a interação com o cliente, geradores de uma representação gráfica, acerca da ocupação humana no espaço físico, por meio do comportamento dos participantes. Dentre as distâncias mantidas entre equipe de enfermagem e cliente no setor de hemoterapia, a distância íntima se deu com maior frequência durante a instalação de uma hemotransfusão, na verificação dos sinais vitais, na punção venosa periférica, retirada de acessos e liberação do cliente de alta hospitalar. A distância pessoal foi adotada durante nos períodos de verificação da checagem de dados pessoais, como matrícula, tipo sanguíneo, fator RH, conversação com cliente verbalmente e não verbalmente. Cabe destacar que a essa distância é possível os interlocutores se tocarem através de suas extremidades ou manter um diálogo mais próximo sem ocorrer o toque, já o calor corporal, não é sentido e torna-se mais fácil a detecção de expressões faciais do outro. A distância social ocorre quando o profissional de enfermagem é chamado várias vezes, quando é a primeira transfusão, onde o cliente chama toda hora por conta medo, nesse caso a comunicação verbal e não verbal fica exacerbada. Assim, para alguns participantes, a melhor visualização da expressão facial, e até mesmo se o hemocomponente está sendo infundido, então eu visualizo a fisionomia e as manifestações não verbais dos clientes para pode auxiliá-los na detecção de pistas importantes para o cuidado, como compartilhado. As interações da equipe de enfermagem com os clientes através da distância pública ocorreram quando o profissional da hemoterapia pega o pedido nos setores, vai até a enfermeira do setor para verificar se o cliente está no setor, ocorre também quando o profissional vai atrás do médico hemoterapeuta para prescrição de uma pré-medicação, ajuste da dosagem dos fatores de coagulação no caso de prescrição errada.
Conclusão
O comportamento proxêmico é influenciado pelo espaço físico e as ações adotadas pelos profissionais na hemoterapia, determinam o mapeamento verificado nas interações e no cuidado prestado ao cliente.
